sábado, 19 de maio de 2018

A natureza me disse - Resenha

ALMEIDA, Maria da Conceição; CENCIG, PaulaVanina. (Org.). SILVA, Francisco Lucas da. A natureza me disse. Natal: Flecha do Tempo, 2007. (GRECOM Grupo de Estudos da Complexidade)

A obra, A Natureza me Disse é fruto do GRECOM – Grupo de Estudos da Complexidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação.
A Natureza me Disse, apresenta um conjunto de conhecimentos sistematizados por Francisco Lucas da Silva, ou Chico Lucas, ao longo de sua vida. Resultado de uma série de entrevistas realizadas a partir do contato e convívio com este protagonista onde os autores puderam relatar sua vida e sua relação com a natureza.
Homem do interior do Rio Grande do Norte, que reside na comunidade da Lagoa do Piató no município de Assú. Visto como o homem que ouve a natureza e domador de uma curiosidade extravasada. De início, os autores travam um debate sobre a (i) informação; (ii) conhecimento e (iii) sabedoria.
No decorrer dos escritos, a obra é dividida não por capítulos, mas em conversas – entrevistas feitas com Chico Lucas iniciados por títulos que dá norte a todo o contexto. No primeiro, “Leitura do Lugar”, inicia-se sua narrativa contando como surgiram os povos de sua região. Dos índios que ali vivia e da colonização que ali chegou, formando povos e povos, mestiços, brancos e negros, e ainda tece comentários sobre a alforria dos escravos na cidade de Assú.
Na “Leitura de si e de seu mundo”, Chico Lucas narra como viveu quando criança junto a sua família. Dos lugares onde morou, das pessoas que ali conhecera, da família que construiu. Contorna as coisas que aprendeu a fazer com seu pai, colocando-o no mais alto nível de inteligência, sabedoria e conhecimento das coisas. Com humildade, atribui tudo que aprendera a seu pai e também, por ser uma pessoa, assumidamente, bastante curiosa. É interessante perceber a sua luta pela sobrevivência e o encanto que ele tinha em aprender as coisas. Conta que seu desejo por aprender era tamanho, que seu pai o comprou uma cartilha do ABC; e dos números, relata que aprendeu vendo seu pai no comércio que também o ensinou.
Dotado do conhecimento básico das letras e números, Chico Lucas é “Doutor” em muitas artes e tantas singularidades que é só dele. Conhecedor da pesca, da agricultura, da construção de canoas e barcos a motor; entendedor da medicina natural, ecologia, cosmologia, arqueologia, e tantas outras razões de intelecto.
Noutro vértice, há também a “Leitura da vegetação” por Chico Lucas, aqui ele demonstra os tipos de vegetação existentes em sua região – fala de cada uma delas com a intimidade de um biólogo. Na “Leitura da fauna” narra os tipos de animais e o relacionamento destes com a natureza, relatando fatos corriqueiros do dia a dia. Na “Leitura de fenômenos físicos”, explica como estes fenômenos reagem para ele e como ele os explica.
A “Leitura da farmácia da natureza” trata-se de um relato, por Chico Lucas, dos benefícios de medicamentos ou receitas naturais para variadas questões de saúde – o que ele mesmo aprendeu observando ou mesmo com seus pais. E por fim, na “Leitura da pesca”, Chico Lucas como bom pescador e conhecedor dos peixes, narra o seu modo de pescar e os variados tipos de peixes presentes na Lagoa do Piató.
Consigne-se a relação de Chico Lucas com a Natureza – uma relação íntima que leva a importância que ela tem para ele; o respeito e seu sentimento quanto àqueles que não a respeitam. Desde criança, foi um grande expectador na observação e reações da natureza, e, de seus limites também. Declara que “é preciso saber ler a natureza, além de a observá-la.”
Chico Lucas deixa claro em sua fala seu sentimento quanto à destruição do homem com a natureza. A devastação da terra, as queimadas, a poluição da lagoa, afetando diretamente os peixes.
Voltando aos conceitos do início da obra, os autores conseguem capturá-los na conversação com Chico Lucas, dotando-o como aquele que tem informação e sabe usá-la, que sabe manipular, enxergar e observar. Interpretando, inserindo num campo maior e acompanhando as transformações e ao mesmo tempo em constante diálogo; aquele que tem conhecimento o bastante de tantas e tantas coisas por se apresentar como um ser que é curioso e que sempre fora aberto a conhecer e aprender; e por fim, coroando-o com a sabedoria – intelectual da tradição, artista do pensamento o que não se reduz a um conjunto de conhecimentos. Este último se transforma diferente do primeiro, a sabedoria, esta permanece porque se torna essencial e duradoura O conhecimento se transforma, porém a sabedoria fica porque fala do essencial e inabalável. 

Psicologia Social




Elisângela Feitosa de Souza[1]

Breves Considerações

A Psicologia Social é um ramo da psicologia que procura estabelecer uma ponte entre a psicologia e as ciências sociais, dentre as quais podemos destacar não apenas a sociologia, mas também a antropologia, a história e, inclusive, a ciência política. Dentre os postulados da Psicologia Social que interessam de modo mais específico a ciência política está a ideia de que fora das motivações psicológicas, não é possível ter uma compreensão satisfatória dos fatos sociais e, por concomitantemente, do processo político. O que está na base dos fenômenos políticos, para a Psicologia Social, é que os fundamentos do poder e da obediência são de natureza psicológica.
A Psicologia Social se interessa, como a Sociologia ou a Antropologia, pelo do comportamento social dos indivíduos, mas dando ênfase aos processos sócio-cognitivos que possam explicar tais comportamentos. Enquanto ciência empírica utiliza métodos diversificados de pesquisa para o estudo sistemático do comportamento social humano: de como os pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas são influenciados pela presença – concreta ou imaginada – de outros indivíduos. A Psicologia Social se interessa por temas como o preconceito, a violência, processos de grupo, entre outros.
A Psicologia Social enxerga o individual de modo mais amplo e se interessa por entender como as forças sociais atuam sobre os indivíduos e vice-versa. E por isso interessa também à ciência política, no sentido de que aquilo que é vivido no campo individual contribui de alguma forma para a melhora ou piora da sociedade, para a manutenção ou quebra de paradigmas, implica nas motivações pessoais de luta pelo poder dominante.
E é a esta relação que se dedica principalmente esta seção: compreender quais motivações psicológicas podem influenciar não apenas as relações pessoais, mas sociais e políticas, entendendo o ser humano como um ser eminentemente social e político.


O ser humano isolado do contexto social

 Na perspectiva de estar envolvido na sociedade e nesta manter relações e contribuir para com seu desenvolvimento, o homem é eminentemente um ser social e que, portanto, desta é dependente.
 Não seria necessário atribuir vantagens e desvantagens de como a sociedade e o papel desta, é importante no processo de formação do homem. Este ser que desde o berço recebe influência, e no decorrer de sua vida, outrossim, parece deixar-se moldar por ela. Porém pode o homem viver fora dela? Perdido em uma floresta, ou em uma ilha, passando a conviver com outros seres, ou ainda retirado dela por imposição de outro?
 Obras como “O menino selvagem”, “Ensaio sobre a cegueira”, e “Náufrago”, são exemplos de como fatos como estes são vivenciados – mostrando de fato o que a ausência do coletivo, da interação – enfim, da sociedade causa nas pessoas.
 O papel da civilização está inteiramente ligado à formação da personalidade do homem; e quando esta não está inserida nele, o que o influenciará? O menino selvagem conta a história de um adolescente que, privado de educação por ter vivido afastado dos indivíduos da sua espécie, é encontrado em uma floresta vivendo em condições desumanas, pois este já não tinha hábitos humanos, andava com os pés e as mãos no chão, subia em árvores, comia raízes. Quando o menino selvagem é retirado da floresta, é feito com ele um processo de socialização – pois este atribuíra a sua personalidade, agentes biológicos e físicos do meio ao qual estava inserido. De início, não iria ser fácil socializá-lo, agora com quase 13 anos, o menino selvagem teve de passar por vários testes, a fim de aprender, embora lentamente, a falar, a andar, comer com colher, usar roupas, etc. Graças à educação e a cultura atribuída ou imposta ao menino selvagem – Victor fora aculturado e aos poucos se tomando por hábitos humanos.
O Náufrago retrata a vida de um homem contemporâneo em que seu cotidiano é corrido, pois traba lha demasiadamente, assim tem pouco tempo para a família e assuntos sentimentais. Vive em uma ilha por quatro anos, após um acidente de avião, ele fora o único sobrevivente. O personagem carrega com ele todos esses anos, uma fotografia de sua esposa e uma bola de vôlei, a qual dá o nome de Wilson. O personagem tenta adaptar-se aquele ambiente, o qual desconhece, no entanto, tenta desvendar todos os modos de sobreviver àquilo. Desde o fazer do fogo para aquecer-se, a glória de conseguir pegar um peixe, e até mesmo suportar as dores humanas naturais ou não. Como agiam nossos ancestrais, ele descobre a caverna e lá fez seu lar; de um modo surpreendente, não se deixa perder seus instintos e inteligência, passa a escrever e marcar nas pedras todos os meses que ali estivera; quanto ao isolamento, fez de uma bola sua companhia – sentia a necessidade de comunicação, e nela com seu próprio sangue pintou a face de um novo amigo. Após ser encontrado e resgatado, volta para o seu meio social de outrora. Ali, diferente da obra “O menino selvagem”, não houve conflito em sua volta a sociedade, já era adulto quando esteve sozinho, resta uma readaptação ao convívio social.
O ensaio sobre a cegueira, filme baseado na obra do escritor português, José Saramago, conta a trama de uma cidade que é acometida por uma epidemia sem nome, uma cegueira branca contagiosa. No decorrer da história toda a sociedade vai se dissolvendo, assim como os valores, a dignidade humana, os princípios morais – é percebível quando tais pessoas contagiadas são colocadas isoladas de tudo e de todos, em um local indigno de se viver. Todos ali são postos sem cuidados e sem previsão para pesquisar a cura. As pessoas ali voltam ao estágio inicial de suas vidas, onde terá que aprender a viver de outra maneira, adaptando-se a falta da visão, neste sentido é deixado de lado o individualismo, percebendo que diferente será o caminho que terão de seguir, na descoberta dolorosa do eu e do outro, do coletivismo.
Diante destas obras, e de sua relação com a Psicologia Social, é notável que o homem detém toda a história e o poder sobre as sociedades e de suas relações, influências ou contribuições, sejam estas boas ou não. Há quem diga e defenda que a sociedade molda o homem e que dela este depende. Mas até que ponto precisou dela, e por que nela não somos e agimos como iguais ou ainda, coletivos? Por que há o individualismo? Será preciso isolar-se da sociedade para reconhecer-se que precisamos um do outro, reconhecer a essência que há nisso tudo? Os valores morais estão sendo perdidos, o dedicar-se ao eu interior, a observação dos comportamentos próprios, o importar-se com a dignidade e o respeito pelo outro, são marcas que não devem ser deixadas, esquecidas ou ameaçadas.


Referências Bibliográficas

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. Brasil, 2008.
TRUFFU, François. O menino selvagem. França, 1798.
ZEMECKIS, Obert. Náufrago. EUA, 2008.



[1] Assistente Social. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional.

Bullying: vítimas de dois lados?

    Assunto que passa a conotar uma nova denominação e maior foco nos últimos anos, a violência – forma de agressão que se amplia quando discutido partindo-se da ênfase escolar. Partimos do conceito do termo, “violência” do dicionário Priberan on-line (2012)[1]: s. f. 1. Estado daquilo que é violento. 2. Ato violento. 3. Ato de violentar. 4. Veemência. 5. Irascibilidade. 6. Abuso da força. 7. Tirania; opressão. 8. Jur. Constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer um ato qualquer; coação. Basta encaramos tais definições e percebemos que a violência existe e se amplia, fortificando-se cada vez mais nas sociedades. Convergindo com novas definições, ou especificidades, quando ao tratarmos do fenômeno mais recente, o bullying. Este que está presente nas famílias, no trabalho, nas ruas e principalmente na escola. “De acordo com dados obtidos em trabalhos internacionais, não existe escola sem bullying. O objetivo é alterar a forma de avaliação do que é brincadeira e do que é bullying, mudando o enfoque da questão para a valorização do sentimento de quem sofre o bullying, isto é, respeitando seu sofrimento e buscando soluções que amenizem ou interrompam isso”, diz o coordenador da Abrapia[2]; os dados coletados revelaram que 40,5% dos alunos entrevistados disseram estar envolvidos em episódios de violência[3].
O bullying significa “valentão”, ou autor das agressões. Caracteriza-se por agressões repetitivas, sejam estas verbais ou físicas feitas por uma ou mais pessoas, contra uma ou mais pessoas. Os agressores normalmente aparentam serem superiores, quanto à estatura, idade, força física ou emocional, etc. Não obstante, o agredido, são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação e inseguras o que os impedem de pedir ajudar.
Seria mesmo a necessidade de se impor sobre o outro o grande fator para tal ato? Os dados estatísticos em relação à violência escolar mostram-se em grandes dimensões entre crianças e adolescentes. Dados preocupantes quando legendados e justificados com aspas aos agressores, julgando-os como vilões. Enquanto, na verdade atos destas dimensões são acarretados, por exemplo, por uma história familiar de violência, abandono e/ou rejeição.
Muitas vezes a criança não tem a atenção da família, ou ainda são violentados por estes; como também a ausência da tríade entre a família – escola – criança/adolescente; salientando ainda os princípios básicos de valores morais, o respeito ao outro, a empatia estão sendo esquecidos no convívio familiar. Por outro lado, a criança ou é agressiva ou ainda pode sentir-se indiferente aos outros, o que pode acarretar comportamentos ofensivos ou de isolamento, respectivamente.
Quanto aos atos praticados, a criança/adolescente afetada será densamente prejudicada, seus afetos, comportamentos e aprendizagem principalmente, sua formação enquanto adulto poderá tornar-se imprópria no que tange a o emocional deste. Variantes ideias de não a empatia poderão formar-se em seu dia a dia tornando-se uma criança/adolescente e adulto insensível às diferenças dos outros.
Relativo a isto, vale destacarmos o papel do educador e da instituição no ambiente escolar. De fato, muitos são os argumentos quanto ao comportamento dos agressores, quando indicados que tais ações devem ser tratadas em casa, com a família – mas é na escola onde é mais frequente. Claro que a culpa não esta na segunda. Porém, o que falta é a tríade entrar em ação, a união destes papéis; haverá interação entre estes quando os pais, bem como a escola estiverem a par do que acontece com cada criança/adolescente em particular. Portanto, seu desenvolvimento, aprendizagem e amadurecimento, serão eficazes diante disto.
Atualmente, o bullying se configura como crime, pois fere os princípios constitucionais de respeito à dignidade humana. Em algumas regiões do Brasil, há programas de prevenção e combate ao bullying. No Paraná, por exemplo, foi aprovado o Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária, nas suas escolas públicas e privadas5.
Valendo-se desta Constituição, há que se destacarem também algumas garantias essenciais em relação à criança:

Art. 227, CF: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Diante deste fenômeno, cabe as instituições de ensino, junto as famílias realizarem projetos intensivos com as crianças/adolescentes. Realizarem campanhas juntos, levando-os a sensibilização do quão grave e séria é esta forma de violência, compreendendo suas consequências no hoje e no amanhã, caso permaneça existindo em seu meio. Confecções de cartazes, ou concursos de redação sobre o tema, passeatas pela comunidade, construção de blogs pelos estudantes, onde estes possam desenvolver campanhas online.



[1] Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
[2] ABRAPIA Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência.
3 Pesquisa realizada em 1997 no Brasil.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Distúrbios Psicomotores como sintoma de Transtorno Emocional

Neuro Saber

Os distúrbios psicomotores podem aparecer em diversas situações que sejam provenientes de algum transtorno emocional. A procura de pais por especialistas que possam orientá-los, além de seus filhos, tem ajudado muitos deles com informações extremamente pertinentes acerca do que ocorre com as crianças.
Com base em pedidos de leitores que solicitam um artigo inteiro dedicado a este tema, o foco deste texto, então, é debruçar sobre alguns pontos dos distúrbios psicomotores; além disso, mostrar como a intervenção pode ser a melhor alternativa para quem procura por tratamento.

O que tais distúrbios têm a ver com o transtorno emocional?

Por mais que pareça difícil relacionar uma situação com a outra, pode-se afirmar que é absolutamente possível estabelecer essa ligação. Isso não significa que o diagnóstico seja obtido depois de muita análise por parte dos profissionais.
O motivo para essa cautela se dá pelo fato de os distúrbios psicomotores estarem interligados aos transtornos afetivos. Há que se ressaltar que as crianças são atingidas em sua totalidade, o que pode acarretar em vários aspectos, como aqueles referentes à atenção, comportamento, lateralidade, noção de espaço-tempo, etc.
Sendo assim, os pacientes diagnosticados com os distúrbios tendem apresentá-los associados a esses transtornos. Existe uma série deles que são observados pelos especialistas (como mencionado acima).

Vejam alguns deles:

– Instabilidade psicomotora: o fator emocional está incluído nessa parte. Vale ressaltar que é neste quesito que a criança apresenta um lado afetivo mais instável, além de ter o aspecto intelectual afetado. Outra característica encontrada nesse grupo é a falta de concentração e atenção.
A coordenação motora apresenta falhas; a hiperatividade e a oscilação no comportamento também são constantes (é normal que os pacientes apresentem situações de impulsividade, sensibilidade extrema, dificuldade diante de frustrações, entre outros).
Problemas escolares também podem ser percebidos em casos cuja instabilidade psicomotora está presente, são elas: dificuldade de entendimento, leitura e escrita deficitárias, problemas em enxergar o que está escrito na lousa, etc;
– Fragilidade psicomotora: esta parte é caracterizada por duas situações peculiares: a paratonia (quando há limitação nas quatro extremidades do corpo ou em apenas duas) e a sincinesia (momento em que acontece a ativação desnecessária de músculos para um determinado movimento). Pode-se notar algumas situações como o jeito (desalinhado) de andar e rigidez nas pernas.
– Problema de lateralidade: um paciente que enfrenta transtornos psicomotores pode apresentar a lateralidade comprometida por conta de uma série de fatores, como dominâncias de determinadas parte do corpo que podem resultar em problemas de coordenação e outros. Vale ressaltar a ocorrência da lateralidade cruzada, quando tais dominâncias não se apresentam do mesmo lado do corpo.

Ajuda profissional

As intervenções utilizadas em cada caso devem ser originadas a partir de orientação profissional. O primeiro passo é observar as atitudes da criança para que, a partir daí, os pais possam levar as situações presenciadas para psicomotricistas, médicos, psicopedagogos e outros especialistas que possam oferecer a ajuda necessária para a criança. Importante notar a presença de uma equipe multidisciplinar voltada para as intervenções de um paciente com distúrbios psicomotores.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Como ensinar leitura e escrita para crianças?

Por Neuro Saber

 

Todo adulto que se vê responsável pela educação de uma criança, seja em casa ou na escola, deve se fazer esta pergunta. Afinal, o método utilizado pode exercer bastante influência nos resultados. Será mesmo? Sim ou não, depende do que acontece com o pequeno.
O processo em si exige muita paciência e determinação de ambas as partes. Muitas vezes, porém, a criança mostra uma profunda dificuldade na junção das letras e na formulação das palavras, além da escrita.

Saber identificar as letras significa um progresso?

Embora identificá-las seja importante, isso não significa que o pequeno saberá juntá-las e formar os vocábulos. Antes de tudo, é importante saber que reconhecer os sons provenientes das sílabas é o que deve ser enfatizado.
Aprender os fonemas é o maior progresso em todo esse processo. Leitura é, também, reconhecer os sons de cada letra e, posteriormente, adequá-las ao conjunto léxico do idioma. Existem muitas maneiras de ensinar as crianças a ler e a escrever. Vejam quais são as principais.

Como ensinar?

-Durante a primeira infância, os educadores utilizam pequenas histórias, ricas em desenhos, para assimilação das palavras e das imagens na mente das crianças;
-Brincadeiras com divisão silábica. Cada papel é escrito com a sílaba de uma palavra e as crianças precisam construí-las de acordo com sua formação ortográfica;
-Ditado: a professora fala uma palavra e os alunos precisam escrevê-la;
-Pescaria de letras: os alunos têm que ‘pescar’ as letras a fim de formar um vocábulo;
-Além das atividades citadas acima, outra etapa importante é a estimulação das habilidades de consciência fonológica e a discriminação auditiva. Ambas são importantes, pois ajudarão a criança na concepção das palavras e no reconhecimento dos fonemas;
– Estímulo de escrita: escreva o nome de todas as pessoas que moram com você;
-Estímulo de escrita das situações do cotidiano: como foi o final de semana? Como foram as férias? Conte um pouco sobre o seu bichinho de estimação. Como foi o aniversário de seu coleguinha?
Enfim, formas sutis de incentivar a escrita da criança.

Por que a criança pode ter dificuldades para aprender a ler?

As causas são multifatoriais. Questões que variam desde o estímulo em casa a uma deficiência intelectual podem e devem ser consideradas dependendo da situação.
Quando o pequeno passa dos 9,10 e 11 anos sem saber dominar a leitura ou a escrita, a situação requer preocupação, pois a faixa média para que a criança consiga ler e escrever é entre 6 e 7 anos. Nessa fase, especificamente, ela leva um tempo para processar a junção das sílabas para construir as palavras.

O que fazer se a criança apresentar dificuldades?

A procura por profissionais da área de psicopedagogiapsicologiafonoaudiologia, neuropediatria pode ajudar o pequeno na identificação do problema que o impede de exercer uma leitura satisfatória para idade dele.
É importante solicitar a ajuda de especialistas porque somente através de tal acompanhamento os pais terão um esclarecimento acerca da situação da criança. Portanto, não deixe de pedir ajuda. Sua iniciativa pode ser determinante na vida de seu filho.

Disponível em: 

https://neurosaber.com.br/como-ensinar-leitura-e-escrita-para-criancas/

domingo, 26 de novembro de 2017

Como avaliar as aprendizagens dos alunos com deficiência?

Por Neuro Saber

Quando se fala em aprendizagem, processo pedagógico, conteúdos, percepção e outras palavras que estejam relacionadas à fruição do conteúdo por crianças; é preciso muita cautela.
Há pessoas que não sabem, mas dentro de uma sala de aula pode haver diferentes formas de absorver uma matéria ou uma explicação dada pelo educador. E no caso de alunos com deficiência? Há possibilidade de existir diferenças entre eles?
A resposta é sim. Obviamente, assim como há diversidade entre alunos regulares (que não apresentam deficiência cognitiva), há também diferenças entre estudantes com alguma deficiência. A pergunta que fica no ar é como avaliar as aprendizagens dessas crianças e adolescentes?
A primeira dica é jamais adotar a mesma forma de avaliação para todos os alunos. É preciso respeitar os limites que cada um apresenta. Portanto, deve-se ter um olhar minucioso quanto às habilidades e à percepção que os estudantes apresentam, sobretudo aqueles que manifestam alguma deficiência.
Hoje em dia, muitas escolas, que trabalham com a inclusão e que decidem por manter os alunos na mesma sala, adotam técnicas que são eficazes.

O que pode ser feito para os alunos?

– Avaliar cada atividade de forma particular, respeitando a cognição do aluno;
– Estabelecer alguns mecanismos que visem a facilitar o aprendizado do estudante com deficiência: adaptação para as necessidades da criança/adolescente;
– Abolir a adoção de um ritmo único de aprendizado pelos alunos;
– Flexibilizar as formas de avaliação dos estudantes (provas, exames, ditados, etc.) e evitar comparações com as respostas dadas por eles;
– Estabelecer recursos que promovam a acessibilidade dos estudantes com deficiência e facilitem a aprendizagem dos mesmos, assim como a expressão de todos eles através da fala.
O que deve ser feito para a promoção da inclusão dos alunos com deficiência é executar uma avaliação escolar que desenvolva o conhecimento, de forma que os educadores consigam identificar os resultados. Além disso, melhorar os pontos que precisam de mais atenção. Mas, claro, tudo de maneira que atenda às necessidades de cada pessoa.

Flexibilização dos conteúdos e dos suportes

Nada melhor que flexibilizar a forma de aplicar os conteúdos e até mesmo os suportes que podem usados em sala de aula. No caso dos conteúdos, os educadores podem procurar mecanismos que facilitem a absorção da matéria pelos alunos. Já os suportes podem ser variados, indo da velha lousa aos jogos pedagógicos, sobretudo aqueles que apostam nas cores e nos formatos para facilitar o aprendizado dos pequenos.

Um caminho longo a ser percorrido

Infelizmente, é preciso reconhecer que muita coisa deve ser feita para que as escolas, de fato, adotem a inclusão em suas dependências.
A aplicação de metodologias que abracem a todos os estudantes é apenas o primeiro passo para que alunos com deficiência encontrem seus espaços no ambiente escolar; tudo isso sem distinção, mas com adaptações que favoreçam o processo pedagógico das crianças e dos adolescentes.
Os pais têm muita importância nesse processo. Eles devem estar sempre presentes na vida escolar dos filhos e procurar estabelecer comunicação entre a casa e a escola.